segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Pensamentos sobre ética e moral



A moral de acordo com Kant, “é aquilo que precisa ser feito, independentemente das vantagens ou prejuízos que possa trazer”. Assim, quando praticamos um ato moral, poderemos até sofrer conseqüências negativas, pois o que é moral para uns pode ser amoral ou imoral para outros. Veja o exemplo:
A família do Sr. João tem o costume de tomar banho junta. Pai, mãe e filhos (meninas e meninos) sempre tomaram banho juntos. É cultural, dentro da casa, a exposição do corpo nu entre eles sem que haja conotações de sexualidade ou de promiscuidade. No entanto, seus vizinhos, regidos por uma cultura totalmente avessa a esse tipo de comportamento, quando ficaram sabendo do banho coletivo familiar daquela família, passaram a denomina-la de imoral. Esse simples e pequeno exemplo, pode justificar o que foi afirmado acima: que ações morais, para uns, podem ser imorais para outros. Não há como definir quem está “certo” ou quem está “errado”, é uma questão cultural familiar, de uma micro-sociedade.
Duas pessoas podem ter valores diferenciados a respeito do que seja ato moral ou imoral, é uma questão de consciência pessoal. Daí o conceito do Kant sobre “aquilo que precisa ser feito”.
Para qualificar, ou seja, para normatizar o que é ou não moral em micro e macro sociedades, instituíram-se os códigos de ética. Todas as sociedades têm o seu. Pode ser documentado com parágrafos e capítulos ou pode ser, no caso de algumas culturas, uma forma de viver aceita pelos seus membros. Na Índia existem algumas aldeias em que os mais velhos mutilam sexualmente as meninas ainda crianças extirpando o seu clitóris. Não está escrito em lugar algum que isso deve ser feito, mas todos, apesar da revolta do resto da humanidade, mantém essa atitude em nome de um ato ético que diz que, naquela sociedade a mulher não pode sentir prazer.
Os códigos de ética, então, servem para definir o que é e o que não é ato moral. Em nossa sociedade capitalista que valoriza a posse de bens materiais e do lucro em detrimento dos valores morais, o que vale é não quebrar o código de ética estabelecido. Assim, quando um deputado, senador, prefeito ou vereador aumenta o seu salário em 300%, argumenta sem constrangimento que “a legislação nos permite essa manobra”, colocando a culpa em um regimento, estará sendo ético, mas, imoral ao mesmo tempo. A democracia, mal interpretada no seu objetivo, autoriza a sociedade, de modo geral, a usar de qualquer forma manipulativa, que não atente aos códigos de ética como os regimentos e código penal, por exemplo, para o acúmulo de bens. 
A minoria apoiada pelos políticos, pelos capitalistas, enfim, por quem detêm o poder, cada vez ganha mais e, conseqüentemente, acumula mais. Por outro lado temos a maioria dessa sociedade que não possui essas habilidades e oportunidades, ou não se interessa por elas. Representam o contraponto das diferenças sociais, no qual algumas pessoas possuem o que não conseguiriam consumir em sua existência e por isso esbanjam adquirindo carros de milhões e casas suntuosas, desvirtuando por completo o conceito de ética representar bons costumes e bons valores, e por outro lado indivíduos mantendo suas famílias com salário mínimo e vivendo uma sub vida, na miséria. É ético? Sim! Pois não viola as leis do sistema. É moral? Não! Pois viola os direitos humanos em toda a sua essência. Conseqüências? Muitas! Principalmente no quesito, aumento do comportamento anti-social como a corrupção, sonegação, agressividade e violência, o que resta a muitos como recurso para demonstrar a sua indignação.
O termo moral é derivado do latim morale, que significa relativo aos costumes. Pode ser definido também como a aquisição do modo de ser conseguido pela apropriação ou por níveis de apropriação, onde se encontram o caráter, os sentimentos e os costumes.
Em alguns dicionários define-se a moral como: os conjuntos de regras, costumes e prescrições a respeito de comportamentos e condutas, que podem ser consideradas válidas, éticas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupos ou pessoa determinada, estabelecidas e aceitas pelas comunidades humanas durante determinados períodos de tempo.                    
Portanto, o termo moral significa tudo o que se submete a todo valor onde devem predominar na conduta do ser humano as tendências mais convenientes ao desenvolvimento da vida individual e social, cujas aptidões constituem o chamado sentido moral dos indivíduos.
Para o Direito Moral é um conjunto de regras no convívio. O seu campo de aplicação é maior do que o campo do Direito. Nem todas as regras Morais são regras jurídicas. O campo da moral é mais amplo. A semelhança que o Direito tem com a Moral é que ambas são formas de controle social.
Existem algumas teorias que podem explicar melhor o campo de aplicação entre o Direito e Moral, quais sejam: As Teorias dos Círculos (Du Pasquier) - toda norma jurídica tem conteúdo moral. Mas nem todo conteúdo Moral possui um conteúdo jurídico. Exemplos: Dever de sustento do pai para com o filho; incesto. Entre outras teorias como: Teorias dos Círculos Secantes (Jeremy Bentham), Teoria do Mínimo Ético (Georg Jellinek).

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