A importância da pesquisa
científica enquanto instrumento de identificação das demandas sociais e a
colaboração da mesma para o conhecimento científico, além do vínculo entre
trabalho, pesquisa e ciência dentro do
discurso contemporâneo, é o que discorre no texto Tessitura investigativa: a
pesquisa científica no campo humano-social, Latif Antonia Cassab, assistente
social, formada na Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana/Pr (FECEA) e Doutora em
Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (PUC). Destaca a autora em seu texto, que é usual falar em pesquisa
mencionando-a como simples coleta de dados, no entanto, a pesquisa científica
pode ser entendida como forma de observar, verificar e explanar fatos para os
quais o homem necessita ampliar a compreensão que já possui a respeito dos
mesmos.
A premissa do texto é consistente. A
autora parte do principio de que a pesquisa é um procedimento, com método de
pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico, e se constitui no
caminho para se conhecer a realidade ou para se descobrir verdades.
Partindo do pressuposto de que o
conhecimento da experiência social do sujeito, a qual deve ser apreendida pelo
pesquisador, valendo-se das metodologias compreensivas, para conhecer e
produzir conhecimento, a autora diz que a pesquisa qualitativa surge
contrapondo-se à forma positivista de conhecer e produzir conhecimento. Segundo
a autora, a pesquisa qualitativa tem como preocupação um nível de realidade que
não pode ser quantificado, enfatiza-se a vivência, a experiência, a
cotidianidade e também a compreensão das estruturas e instituições como
resultados da ação humana objetivada.
Para a autora, as teorias devem ser
entendidas como explicações de uma realidade mais ampla do que aquela que se
obtém pelo olhar, devem ser capazes de uma generalização de seus pressupostos,
mas não significa que tenham que ser gerais e vagas, pois assim se tornariam
superficiais e perderiam a capacidade da explicação. Segundo Marx, o pensamento
é prático-crítico o tempo todo pois o conhecimento, produto de profunda
reflexão, combina, articula o pensado com o real, é na práxis, na realidade que
se deve demonstrar a verdade, o poder, o caráter do pensamento sobre o real (
MARX,1993 ).
Nesse sentido, segundo a autora, o
pesquisador deve sempre se manter com o espírito aberto, com atenção vigilante
e metódica, com vontade e empenho, ou seja, com uma participação crítica, que
lhe possibilite descobrir e construir uma explicação mais próxima possível do
real, satisfazendo o nível de exigência requerida para esse empreendimento,
cujo referencial é o projeto de pesquisa.
Um viés com este texto, destaca acerca
dos pressupostos da pesquisa qualitativa,
Rita de Cássia Gonçalves e Teresa Kleba Lisboa,assistentes sociais formadas
pela Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC) no texto sobre o método da história oral em sua modalidade trajetórias de vida, destacando que o Serviço
Social tem se consolidado como uma profissão de caráter interventivo e
investigativo, por isso as metodologias qualitativas trazem uma contribuição
significativa tanto ao Serviço Social como para as ciências sociais, pois se
revelam particularmente eficazes em áreas exploratórias, especialmente em campos
temáticos onde inexistem fontes de informações acessíveis e
organizadas.Contudo, segundo Minayo (1996, p. 22): “o conjunto de dados
qualitativos e quantitativos não se opõem. Ao contrário, se complementam, pois
a realidade abrangida por eles interage dinamicamente, excluindo qualquer
dicotomia.
A maior ênfase das autoras é sobre a
fonte oral se constituir como base primaria para obtenção de toda a forma de conhecimento,
seja ele científico ou não. Para Queiroz (1987), o relato oral tem sido,
através dos séculos, a maior fonte humana de conservação e difusão do saber, ou
seja, a maior fonte de dados para a ciência em geral: a palavra antecedeu o
desenho e a escrita. O relato de uma pessoa sobre sua própria vida, seus
valores, sua cultura, não podem deixar de conter dimensões subjetivas.
Ricardo de Lara, assistente Social,
graduado pela Universidade de Uberaba/MG (UNIUBE), em seu texto, Pesquisa e
Serviço Social: da concepção burguesa de ciências sociais à perspectiva
ontológica, o autor faz um resgate da metodologia em pesquisa apresentando uma
das concepções de mundo, que embasam as pesquisas em Serviço Social,
trazendo,em versão preliminar e em traços gerais, os principais apontamentos da
concepção dialética marxiana, descrevendo como esse modo de apreender a
realidade social desenvolveu-se no percurso histórico da humanidade, desde a
Grécia Antiga até nossos dias. Contudo, tanto na intervenção quanto na formação
profissional, a pesquisa é um elemento fundamental para o Serviço Social,mas,
para realizá-lo há exigência do aprofundamento teórico-metodológico como
recurso para a investigação da vida social.
Destaca ainda o autor que: a pesquisa científica
e suas metodologias estão submetidas à concepção burguesa de ciência, que
potencializa o desenvolvimento do conhecimento segundo a ótica do capital. As
ciências sociais têm dificuldade de se afirmarem diante da ciência moderna,
pela sua ineficiência em apresentar respostas práticas. Enfatiza ainda que
investigar e, em conseqüência, tornar cientificamente aceito o trabalho, no
âmbito acadêmico, é o principio fundamental no caminho da probidade teórica do
pesquisador.
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