quinta-feira, 29 de junho de 2017

Concepções de homem e cidadão segundo Rousseau, Freire e Marx.

Rousseau: homens juntam em um corpo social para conservar a própria via e somar forças é o único objetivo do estado civil. O estado civil só existe mediante a construção de um “contrato social”, através do qual, cada pessoa e os seus bens, são protegidos. Cada indivíduo, unindo-se aos outros, obedece a si mesmo e conserva a sua liberdade. Esse “pacto social”, caracterizado como delegação do poder individual em direção à suprema da vontade geral, está na base do “contrato social”, portanto, estrutura o estado moderno de modo racional. O Estado, após a sua elaboração, deve ser o defensor e protetor dos direitos naturalmente adquiridos pelos homens. Ele representa a unidade e, como tal, representa a vontade geral, diferente e superior a vontade dos indivíduos, individualmente considerados. Rousseau afirma que as leis só servem quando em mãos de bons governos, e o estado social só é bom aos homens quando não há um grande desnível de propriedade entre eles, nenhum homem deve ser pobre o suficiente para precisar vender-se, nem rico o suficiente para poder comprar outro que se venda. A vontade de todos é a soma das vontades particulares, e essa deve ser a governante. Caso haja associações entre os cidadãos que pretendem sobrepujar a vontade destes sobre a dos demais, esta deve ser eliminada, pois ataca ao princípio de igualdade que deve reger o Estado. A soberania do poder, deve estar nas mãos do povo, por meio do corpo político dos cidadãos; Rousseau diz que o homem nasce bom e a sociedade o corrompe. 

Freire: Como « ser em si mesmo » o homem é um sujeito de relações. Ele é, então, capaz de tomar distância, de objetivar o mundo e objetivar a si mesmo através do ato de conhecer. Pelo ato de conhecer o homem pode criar sua consciência de mundo, construir sentidos significações e símbolos. Tendo como característica a ação-reflexão, o ato de conhecer permite ao homem tomar consciência de sua qualidade de sujeito. Sua análise considera a evolução histórica do colonialismo, a formação de classes sociais e a internacionalização do capitalismo para argumentar que ela se encontra enraizada nas condições globais de cada sociedade e pode se manifestar de forma singular em cada contexto específico. Ela é multifacetada e pode esconder-se nos processos normativos que regulam cada formação social. Ao analisar a estrutura opressiva da realidade de diversos países, Freire reconhece que por trás do mito de ‘oportunidades iguais’ todo um esquema opressor é montado para evitar o desenvolvimento da autonomia e do pensamento crítico através da educação, dos meios de comunicação de massa, do processo de trabalho. Isto vai ter como consequência o desenvolvimento de uma cultura do silêncio pela internalização da passividade. Os conteúdos impostos que deverão ser memorizados vão matando aos poucos a paixão de aprender, de participar de refletir. 

Marx: O homem sempre foi e ainda é facilmente seduzido para aceitar determinada forma do ser humano como sendo uma essência. Na medida em que isso acontece, o homem define a sua humanidade em termos da sociedade com a qual se identifica. Sempre houve homens que olhavam para além das dimensões da sua própria sociedade. O mundo é um mundo alienado e falso enquanto o homem não destrói sua objetividade inerte e se reconhece à sua própria vida “por trás” da forma física das coisas e das leis. A crítica central feita por Marx ao capitalismo não é a injustiça na distribuição da riqueza; é a perversão do trabalho, convertendo-o em trabalho forçado, alienado, em sentido – por conseguinte, a transformação do homem em uma “monstruosidade”. O homem, que é, antes de tudo, um ser natural vivente (ativo) e não pode portanto, ter realidade ele mesmo se não é real o mundo que está fora dele, e que representa o seu objeto; e em segundo lugar o homem é um ser humano, e como tal vive e opera dentro da espécie humana. Marx se preocupa também em sempre distinguir o homem dos animais por causa da consciência, da religião ou do que mais se queira. Mas na realidade os homens começam a produzir os seus meios de sobrevivência. “Enquanto os homens produzem os seus meios de vida, produzem indiferentemente a sua própria vida material”. A sociedade contribui para a transformação do homem, mas é o homem que produz essas modificações.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Resenha Crítica - Olga

Resenha Crítica do filme Olga

A história de Olga é relatada na forma de um longa metragem. Judia e comunista, Olga Benário (Camila Morgado) chega ao campo de concentração de Ravensbrück, de onde passa a se lembrar de períodos marcantes de sua vida. A partir daí, vemos que o destemor já era uma das características de Olga desde a infância. Na juventude, milita entre os comunistas alemães, o que a leva tanto a enfrentamentos na rua, com os nazistas, como em casa, principalmente com a mãe (Eliane Giardini). Após participar da ação de resgate do líder socialista (e seu amante) Otto Braun (Guilherme Weber), Olga inicia treinamentos na URSS, de onde recebe o encargo de escoltar o revolucionário Luís Carlos Prestes (Caco Ciocler), em seu retorno ao Brasil. Na viagem, os dois começam um caso de amor, interrompidos com o insucesso do levante comunista de 1935. É quando começa o calvário de Olga. Presa, ela é separada do amado e enviada, grávida, para a Alemanha, então dominada pelos nazistas. A heroína acaba tendo sua filha literalmente retirada de seus braços. Em seguida, é transferida para Ravensbrück, onde, após uma série de padecimentos, o ciclo dessa história se fecha com a morte de Olga na câmara de gás.
O diretor e responsável pelo filme não diminui suas críticas ao Estado brasileiro e à figura do ditador. Foi fundo nas responsabilidades. Demonstrou o crime de se deportar uma sonhadora grávida e revolucionária (sem jamais ter matado ninguém), pelo crime de ser judia comunista e, sobretudo, por ter amado um brasileiro que se opôs à sua ditadura pessoal.
O Brasil, com suas imensas contradições, devem ter abalado às certezas de Olga, mas isto por obra dos nazistas daqui e de lá, jamais saberemos. O que sabemos é que Olga, ao contrário de seu companheiro ilustre, jamais transigiu ao poder. Morreu tributária de suas convicções e de seu casamento com os pobres e oprimidos. Dificilmente, Olga teria aceitado apoiar Vargas, apesar de tudo, porque assim os soviéticos desejaram. Mesmo sendo alemã e judia, Olga, de algum modo, foi profundamente brasileira. Estará viva em nossa memória para sempre, pois faz parte da história do Brasil.
Sendo assim, termino esta com a seguinte frase a qual achei interessante, dita por Olga antes de morrer:
"(...)" Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo. Prometo-te agora, ao despedir-me, que até o último instante não terão porque se envergonhar de mim. Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue (apud MORAIS, 1985 p.294).

BENÁRO, Olga, filme de Jayme Monjardim, Gênero: Drama; Duração: 141 min. 

Autor: Gecionil Mastelaro

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Análise crítica: Da medicina do trabalho a saúde do trabalhador



A medicina do trabalho, ou com a denominação mais atual, saúde do trabalhador é um tema amplamente debatido no âmbito do capitalismo, pois trata do bem mais precioso das organizações: a produtividade dos funcionários.
Os estudos referentes a essa vertente são recentes e ainda estão em desenvolvimento, mas levando em consideração os trabalhos disponíveis é possível traçar uma idéia de como começou, seu desenvolvimento e situação atual.
Podemos verificar que com a explosão da necessidade de mão de obra, surgido na Revolução Industrial na primeira metade do século XIX, o consumo da força de trabalho - resultante de um processo acelerado e desumano - estava extinguindo a força vital dos trabalhadores e um colapso no sistema era questão de tempo, a menos que fosse feito algo para restabelecer as condições de saúde dos mesmos. Preocupado com essa situação o proprietário de uma fábrica têxtil Sr. Robert Dernham procura seu médico particular Dr. Robert Baker e solicita auxilio para resolver o problema cada vez mais aparente do processo de adoecimento de seus funcionários. A solução apresentada pelo médico era de ele mesmo ser inserido no interior da fábrica para verificar as condições de trabalho naquele ambiente e os efeitos do mesmo sobre as pessoas, sendo de sua total responsabilidade a ocorrência de problemas de saúde nos trabalhadores. Com o aceite do Sr. Dernham nasce em 1830 o primeiro serviço de medicina do trabalho.
Este modelo primordial era centrado na figura do médico, sendo o mesmo onipotente e o responsável pela manutenção do bem-estar físico e mental dos trabalhadores, e sua prática era fundamentalmente no ambiente de trabalho.
A partir disso, os serviços médicos aos trabalhadores começam a refletir no cenário internacional através da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e tiveram seu primeiro instrumento normativo de âmbito internacional em 1959, através da Recomendação 112 que aborda aspectos legais, definição, métodos e organização dos serviços.
Com a evolução do processo industrial, da tecnologia, e principalmente pelos reflexos ocorridos na década de 40 durante e após a II Guerra Mundial – tanto pela perca quanto pelo adoecimento de mão de obra, a medicina do trabalho da forma como era vista começou a apresentar-se impotente para intervir sobre os problemas de saúde da classe trabalhadora.
Foi necessário agregar instrumental de outras disciplinas e outras profissões para ampliar a área de atuação médica direcionada ao trabalhador, nesse contexto multidisciplinar intervencionista ocorre um upgrade no conceito de Medicina do Trabalho para Saúde Ocupacional, agregando conhecimentos da saúde pública sobre riscos ambientais, formas de controle de agravos e atuação da equipe para minimizá-los. Nesta época foram introduzidos os conceitos e práticas de enfermagem no âmbito da saúde ocupacional. Prezou-se por uma abordagem mais científica, visando interferir no ambiente de trabalho para controlar os riscos ambientais, melhorar as questões de higiene e qualidade do ambiente ao qual o trabalhador estava exposto.
Cabe destacar que os ideais da saúde ocupacional não foram plenamente atingidos, pois o modelo continuou mecanicista, tratando o trabalhador como objeto e a interdisciplinaridade não foi completamente aceita culminando em um novo debate acerca do tratamento a ser aplicado aos trabalhadores e uma forma de abordagem onde fosse aproximado a teoria da prática e houvesse maior interação entre a equipe de medicina do trabalho e os trabalhadores.
As alterações políticas, o movimento social e dos trabalhadores, as questões humanitárias e todas as transformações ocorridas a nível mundial pós II Guerra Mundial determinaram as mudanças que veremos nas questões da saúde ocupacional.
Desse intenso processo social de mudança surge uma nova ótica que se enquadra nas questões atuais do processo de saúde e doença, onde o termo de saúde ocupacional deu lugar a Saúde do Trabalhador.
Apesar das dificuldades conceituais e práticas, a saúde do trabalhador busca explicações do adoecer das pessoas de forma articulada com o conjunto de valores, crenças e idéias. Essa nova abrangência considera o trabalho no quesito de organizador da vida social, onde os trabalhadores participam da análise das condições de trabalho e auxiliam para torná-lo mais saudável. O trabalhador é visto como parte do processo e indivíduo atuante nas melhorias das condições de trabalho.
A aplicação deste conceito atual de saúde do trabalhador é positivo, pois mostra uma visão holística do ambiente, não só de trabalho como do social do indivíduo e busca parceria do mesmo na resolução dos problemas encontrados baseando o processo de saúde-doença como marco inicial do trabalho da medicina preventiva.
No Brasil o processo foi um pouco mais demorado, mas ocorreu nos mesmos moldes internacionais e com o apelo social e sindical ratificou-se o novo modelo de pensar sobre o processo saúde-doença e os conceitos de saúde do trabalhador foram incorporados.
Este debate sobre saúde no âmbito do trabalho ainda está sendo desenvolvido e cabe aos profissionais da área e meio acadêmico, aperfeiçoar e disseminar novas sementes buscando expandir os conceitos existentes e criar novas alternativas de desenvolvimento para a saúde do trabalhador como um todo, melhorando com isso o ambiente de trabalho e propiciando condições mais dignas ao trabalhador.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A questão habitacional no Brasil até os anos 90



No Brasil, há um conjunto de alternativas (aluguel, compra no mercado formal etc.) que não consegue responder a crescente demanda social por habitações.
Poderiam ser arroladas as seguintes alternativas de equacionamento do problema da moradia.

  • O aluguel nas condições conhecidas contrata por tempo indeterminado e sempre sujeito a ser requisitados pelo dono do imóvel
  • Mercado Formal das empresas de construção civil, com possibilidade de financiamento pelo SBPE – Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo
  • Programas de interesse, desenvolvido pelo BNH (extinto em novembro de 1986, suas funções e programas foram absorvidos pelo CEF – Caixa Econômica Federal)
  • Nessa modalidade incluem - se os conjuntos residenciais construídos por: COHABS – Companhias de Habitação, Cooperativas de Habitação, Institutos, Mercado de Hipotecas, empresas, Sindicatos e outros como o PRÓ-MORAR – Programa de Erradicação de Habitações subnormais
  • Mercado informal – paralelo ou clandestino formado pelas moradias sem licença das prefeituras, pelas populações de baixa renda, (autoconstrução – mutirão)
  • Ocupações de áreas públicas ou privadas ou construções semi-acabadas.

Um estudo mais aprofundado das políticas públicas em geral e da política habitacional em particular, no Brasil, conduz, no mínimo, a uma discussão quanto á sua eficácia. Azevedo & ANDRADE (1982) analisam as políticas engendradas pelo poder público na área de habitação popular e de saneamento urbano através da Fundação da Casa Popular (FCP), criada em 1946, e do Banco Nacional da Habitação, criado em 1964. De modo quase didático e com base em uma série de evidências empíricas, os autores demonstram as origens da atual política habitacional no período dos governos populistas, calcada em princípios distributivistas e com uma nítida perspectiva clientelista, marcada pelo “paternalismo autoritário”.
Segundo os autores, evidencia-se que tanto mais se destinou verbas para a construção de habitações populares quanto mais se buscou respaldo popular para os vários governos do período populista.
Entretanto, as realizações da Fundação da Casa Popular (FCP) evidenciam a baixa prioridade que os governos populistas concederam ao problema da habitação, embora se admita que “para uma avaliação rigorosa da política habitacional do populismo fosse necessária a incorporação de informação sobre a atuação dos instintos, das caixas de pensões, do poder publico estadual e até mesmo de algumas prefeituras de grandes cidades”.
A questão habitacional no Brasil começa a emergir no contexto da intensificação do processo de industrialização da economia, que remonta ao inicio do século passado, tendo como ingredientes a abolição da escravatura, o declínio da economia cafeeira (1929) com a migração campo-cidade e a chegada de imigrantes europeus, especialmente em São Paulo. A conseqüência desta combinação de fatores foi percebida pelas elites, na medida em que , sem oferta habitacional planejada para a demanda crescente, predominaram formas precárias de abrigo através do aluguel de quartos  em cortiços, casas de cômodos e estalagens , sempre com alto grau de adensamento, insalubridade e insegurança.
A primeira resposta pública ao problema foi a adoção de uma política de reformas urbanas de caráter higienista e de uma legislação rigorosa de controle urbanístico, aplicada as áreas centrais da cidade. Há também o registro de algumas iniciativas de estímulo á construção de cortiços com melhores condições de salubridade, através de linha especiais de financiamento.
Estas medidas começaram a surgir, a partir da década de 1930, formas igualmente precária de ocupação, porém mais afastadas das áreas nobres. Estas, então denominadas favelas, mocambos, alagados, palafitas, vilas ou malocas, de acordo com a região, se caracterizavam por processos de ocupação espontânea de áreas desvalorizadas, geralmente com condições ambientais adversas, como encostas ou áreas alagavam.
Paralelamente, ainda no final da década de 1970, inicia-se uma forte mobilização da sociedade brasileira em prol da democratização, cuja organização girava em torno de demandas específicas vinculadas a alguma dimensão da questão urbana. Movimento da moradia e dos sem terra (urbano), movimento pela regularização de loteamentos, movimentos de favelas pelo acesso aos serviços de água, luz e esgoto e movimento pela instalação de creches comunitárias são lutas que surgem ao mesmo tempo em que cresce a resistência ás ações de remoção de favelas. 

O que mudou? Está mais fácil o acesso a moradia? Como referência para esta análise usamos bibliografias de 1992 e 1999, anteriores ao PMCMV.  Mas podemos destacar que muitas das questões aqui levantadas continuam bem atuais e se pegarmos o mesmo texto daqui a dez anos, creio que pouca coisa terá mudado. 

domingo, 3 de novembro de 2013

Análise crítica baseada em questões do filme: O Clube do Imperador



1) O filme narra a historia de um professor (Hundert) e um aluno displicente (Bell) e mal educado que é obrigado pelo pai, um rico senador e um dos principais mantenedores da escola, a estudar. Desde o primeiro dia de aula, ele fica tentando chamar a atenção de todos com suas gracinhas de mau gosto. O professor Hundert o aconselha a deixar a estupidez de lado e estudar, empresta-lhe um livro dizendo que todas as matérias e assuntos estão nele e que irão ajudá-lo no Concurso Julio Cesar e o vencedor ganhará um coroa de louros como na Roma Imperial. O aluno Bell se dedica aos estudos. O drama tem inicio quando Hundert está avaliando o ensaio dos alunos e fazendo a lista dos classificados, ao perceber que Bell foi bem nas provas mas não ficou entre os três finalistas, Hundert entra em conflito. Ele acredita que Bell merece uma chance, mesmo sabendo que outro aluno tinha se saído melhor nas provas, deixa seus princípios éticos de lado e levado pela emoção, coloca Bell entre os três finalistas. Durante a final do concurso, Hundert percebe que Bell está colando e tentando corrigir uma injustiça, pois para o professor, a vida de um cidadão deveria ser regida por princípios de integridade e honestidade, comunica o diretor o que estava ocorrendo. E então percebe que os valores que ele pregava e acreditava não eram compartilhados pelo diretor, que ao saber do fato simplesmente diz a Hundert para ignorar o ocorrido, pois o pai de Bell estava presente. Desacreditado na capacidade de a escola mudar o caráter do ser humano, Hundert se decepciona, numa tentativa de aplacar sua consciência moral e ser justo, faz então uma pergunta que não estava no contexto e Bell responde dizendo que não sabe. Na decisão de Hunter, os princípios morais envolvidos foram a ética, integridade, justiça e caráter. Quanto à decisão de Hundert em relação à manipulação dos resultados das provas para a classificação final e do resultado final do concurso, acredito não ter sido uma decisão correta, pois nas duas situações ele se deixou levar primeiramente pela emoção e não pela razão. Na tentativa de recuperar Bell e acreditar ser capaz de mudar o seu caráter e sua conduta, esqueceu de todos os princípios que acreditava e pregava, a ética e a retidão de conduta, o que o levou a um grande conflito moral e a culpa por ter prejudicado o aluno desclassificado. Quando 25 anos depois Bell o convida para mediar uma revanche ele aceita imaginando que a vida havia ensinado caráter e integralidade ao aluno novamente ele se decepciona ao perceber que Bell esta novamente colando e lhe mentiu e enganou.

2) O filme nos mostra que o ser humano é imperfeito. A falta de caráter e a desonestidade existem em todos os lugares e até mesmo pessoas que sempre seguem esses princípios, podem uma hora ou outra, ter algum deslize. Como quando o professor apostou na mudança do Sedgewick, passou por cima dos seus princípios para classificar o aluno e acabou descobrindo que ele estava colando na final do concurso.

3) É que os princípios morais como a ética, respeito, justiça, caráter, transparência, com foco maior no caráter não se molda e não se transmite, mas que vamos construindo desde a infância ao longo do que vamos vivenciando. Porém esse conjunto de regras de conduta, às vezes são deixados de lado pelo ser humano como aconteceu com o professor, causando marcas na sua trajetória da vida. Podemos apontar as cenas onde o professor Hundert fica impressionado ao perceber o esforço do aluno e começa a lhe estimular, emprestando livros, e na sala de aula, com tudo isso ele ficou classificado em quarto lugar e o professor desviando-se de seu caráter, acaba alterando o conceito e deixando o aluno em terceiro. Para sua decepção, na final do grande concurso, ele se depara que seu aluno não mudou em nada, estava colando para responder as perguntas e o professor para não continuar prejudicando os outros, resolveu fazer justiça e mudou imediatamente a pergunta, gerando em si um conflito moral. Quando retornam para um reedição do concurso ele percebe que o aluno estava colando novamente e que não havia aprendido nada com a vida.

4) Quanto a decisão do professor acredito ser correta no sentido que alterou a pergunta final para fazer justiça, tentando recuperar o erro, mas no sentido de alterar o conceito para beneficiar um determinado aluno, acho errado, pois prejudicou outros e foi contra seus princípios morais, custando-lhe anos de angústia e preocupação.