A
história de Olga é relatada na forma de um longa metragem. Judia e comunista,
Olga Benário (Camila Morgado) chega ao campo de concentração de Ravensbrück,
de onde passa a se lembrar de períodos marcantes de sua vida. A partir daí,
vemos que o destemor já era uma das características de Olga desde a infância.
Na juventude, milita entre os comunistas alemães, o que a leva tanto a enfrentamentos
na rua, com os nazistas, como em casa, principalmente com a mãe (Eliane Giardini).
Após participar da ação de resgate do líder socialista (e seu amante) Otto Braun
(Guilherme Weber), Olga inicia treinamentos na URSS, de onde recebe o encargo
de escoltar o revolucionário Luís Carlos Prestes (Caco Ciocler), em seu retorno
ao Brasil. Na viagem, os dois começam um caso de amor, interrompidos com o insucesso
do levante comunista de 1935. É quando começa o calvário de Olga. Presa, ela
é separada do amado e enviada, grávida, para a Alemanha, então dominada pelos
nazistas. A heroína acaba tendo sua filha literalmente retirada de seus braços.
Em seguida, é transferida para Ravensbrück, onde, após uma série de padecimentos,
o ciclo dessa história se fecha com a morte de Olga na câmara de gás.
O
diretor e responsável pelo filme não diminui suas críticas ao Estado brasileiro
e à figura do ditador. Foi fundo nas responsabilidades. Demonstrou o crime de
se deportar uma sonhadora grávida e revolucionária (sem jamais ter matado ninguém),
pelo crime de ser judia comunista e, sobretudo, por ter amado um brasileiro
que se opôs à sua ditadura pessoal.
O
Brasil, com suas imensas contradições, devem ter abalado às certezas de Olga,
mas isto por obra dos nazistas daqui e de lá, jamais saberemos. O que sabemos
é que Olga, ao contrário de seu companheiro ilustre, jamais transigiu ao poder.
Morreu tributária de suas convicções e de seu casamento com os pobres e oprimidos.
Dificilmente, Olga teria aceitado apoiar Vargas, apesar de tudo, porque assim
os soviéticos desejaram. Mesmo sendo alemã e judia, Olga, de algum modo, foi
profundamente brasileira. Estará viva em nossa memória para sempre, pois faz
parte da história do Brasil.
Sendo
assim, termino esta com a seguinte frase a qual achei interessante, dita por
Olga antes de morrer:
"(...)"
Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo. Prometo-te agora, ao despedir-me,
que até o último instante não terão porque se envergonhar de mim. Quero que
me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim
saber fazer-lhe frente quando ela chegue (apud MORAIS, 1985 p.294).
BENÁRO,
Olga, filme de Jayme Monjardim, Gênero: Drama; Duração: 141 min.
Autor: Gecionil Mastelaro
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