quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Resenha Crítica - Olga

Resenha Crítica do filme Olga

A história de Olga é relatada na forma de um longa metragem. Judia e comunista, Olga Benário (Camila Morgado) chega ao campo de concentração de Ravensbrück, de onde passa a se lembrar de períodos marcantes de sua vida. A partir daí, vemos que o destemor já era uma das características de Olga desde a infância. Na juventude, milita entre os comunistas alemães, o que a leva tanto a enfrentamentos na rua, com os nazistas, como em casa, principalmente com a mãe (Eliane Giardini). Após participar da ação de resgate do líder socialista (e seu amante) Otto Braun (Guilherme Weber), Olga inicia treinamentos na URSS, de onde recebe o encargo de escoltar o revolucionário Luís Carlos Prestes (Caco Ciocler), em seu retorno ao Brasil. Na viagem, os dois começam um caso de amor, interrompidos com o insucesso do levante comunista de 1935. É quando começa o calvário de Olga. Presa, ela é separada do amado e enviada, grávida, para a Alemanha, então dominada pelos nazistas. A heroína acaba tendo sua filha literalmente retirada de seus braços. Em seguida, é transferida para Ravensbrück, onde, após uma série de padecimentos, o ciclo dessa história se fecha com a morte de Olga na câmara de gás.
O diretor e responsável pelo filme não diminui suas críticas ao Estado brasileiro e à figura do ditador. Foi fundo nas responsabilidades. Demonstrou o crime de se deportar uma sonhadora grávida e revolucionária (sem jamais ter matado ninguém), pelo crime de ser judia comunista e, sobretudo, por ter amado um brasileiro que se opôs à sua ditadura pessoal.
O Brasil, com suas imensas contradições, devem ter abalado às certezas de Olga, mas isto por obra dos nazistas daqui e de lá, jamais saberemos. O que sabemos é que Olga, ao contrário de seu companheiro ilustre, jamais transigiu ao poder. Morreu tributária de suas convicções e de seu casamento com os pobres e oprimidos. Dificilmente, Olga teria aceitado apoiar Vargas, apesar de tudo, porque assim os soviéticos desejaram. Mesmo sendo alemã e judia, Olga, de algum modo, foi profundamente brasileira. Estará viva em nossa memória para sempre, pois faz parte da história do Brasil.
Sendo assim, termino esta com a seguinte frase a qual achei interessante, dita por Olga antes de morrer:
"(...)" Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo. Prometo-te agora, ao despedir-me, que até o último instante não terão porque se envergonhar de mim. Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue (apud MORAIS, 1985 p.294).

BENÁRO, Olga, filme de Jayme Monjardim, Gênero: Drama; Duração: 141 min. 

Autor: Gecionil Mastelaro

Nenhum comentário: