segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A questão habitacional no Brasil até os anos 90



No Brasil, há um conjunto de alternativas (aluguel, compra no mercado formal etc.) que não consegue responder a crescente demanda social por habitações.
Poderiam ser arroladas as seguintes alternativas de equacionamento do problema da moradia.

  • O aluguel nas condições conhecidas contrata por tempo indeterminado e sempre sujeito a ser requisitados pelo dono do imóvel
  • Mercado Formal das empresas de construção civil, com possibilidade de financiamento pelo SBPE – Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo
  • Programas de interesse, desenvolvido pelo BNH (extinto em novembro de 1986, suas funções e programas foram absorvidos pelo CEF – Caixa Econômica Federal)
  • Nessa modalidade incluem - se os conjuntos residenciais construídos por: COHABS – Companhias de Habitação, Cooperativas de Habitação, Institutos, Mercado de Hipotecas, empresas, Sindicatos e outros como o PRÓ-MORAR – Programa de Erradicação de Habitações subnormais
  • Mercado informal – paralelo ou clandestino formado pelas moradias sem licença das prefeituras, pelas populações de baixa renda, (autoconstrução – mutirão)
  • Ocupações de áreas públicas ou privadas ou construções semi-acabadas.

Um estudo mais aprofundado das políticas públicas em geral e da política habitacional em particular, no Brasil, conduz, no mínimo, a uma discussão quanto á sua eficácia. Azevedo & ANDRADE (1982) analisam as políticas engendradas pelo poder público na área de habitação popular e de saneamento urbano através da Fundação da Casa Popular (FCP), criada em 1946, e do Banco Nacional da Habitação, criado em 1964. De modo quase didático e com base em uma série de evidências empíricas, os autores demonstram as origens da atual política habitacional no período dos governos populistas, calcada em princípios distributivistas e com uma nítida perspectiva clientelista, marcada pelo “paternalismo autoritário”.
Segundo os autores, evidencia-se que tanto mais se destinou verbas para a construção de habitações populares quanto mais se buscou respaldo popular para os vários governos do período populista.
Entretanto, as realizações da Fundação da Casa Popular (FCP) evidenciam a baixa prioridade que os governos populistas concederam ao problema da habitação, embora se admita que “para uma avaliação rigorosa da política habitacional do populismo fosse necessária a incorporação de informação sobre a atuação dos instintos, das caixas de pensões, do poder publico estadual e até mesmo de algumas prefeituras de grandes cidades”.
A questão habitacional no Brasil começa a emergir no contexto da intensificação do processo de industrialização da economia, que remonta ao inicio do século passado, tendo como ingredientes a abolição da escravatura, o declínio da economia cafeeira (1929) com a migração campo-cidade e a chegada de imigrantes europeus, especialmente em São Paulo. A conseqüência desta combinação de fatores foi percebida pelas elites, na medida em que , sem oferta habitacional planejada para a demanda crescente, predominaram formas precárias de abrigo através do aluguel de quartos  em cortiços, casas de cômodos e estalagens , sempre com alto grau de adensamento, insalubridade e insegurança.
A primeira resposta pública ao problema foi a adoção de uma política de reformas urbanas de caráter higienista e de uma legislação rigorosa de controle urbanístico, aplicada as áreas centrais da cidade. Há também o registro de algumas iniciativas de estímulo á construção de cortiços com melhores condições de salubridade, através de linha especiais de financiamento.
Estas medidas começaram a surgir, a partir da década de 1930, formas igualmente precária de ocupação, porém mais afastadas das áreas nobres. Estas, então denominadas favelas, mocambos, alagados, palafitas, vilas ou malocas, de acordo com a região, se caracterizavam por processos de ocupação espontânea de áreas desvalorizadas, geralmente com condições ambientais adversas, como encostas ou áreas alagavam.
Paralelamente, ainda no final da década de 1970, inicia-se uma forte mobilização da sociedade brasileira em prol da democratização, cuja organização girava em torno de demandas específicas vinculadas a alguma dimensão da questão urbana. Movimento da moradia e dos sem terra (urbano), movimento pela regularização de loteamentos, movimentos de favelas pelo acesso aos serviços de água, luz e esgoto e movimento pela instalação de creches comunitárias são lutas que surgem ao mesmo tempo em que cresce a resistência ás ações de remoção de favelas. 

O que mudou? Está mais fácil o acesso a moradia? Como referência para esta análise usamos bibliografias de 1992 e 1999, anteriores ao PMCMV.  Mas podemos destacar que muitas das questões aqui levantadas continuam bem atuais e se pegarmos o mesmo texto daqui a dez anos, creio que pouca coisa terá mudado. 

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