quinta-feira, 9 de outubro de 2008

E O POBRE, O QUE RECEBE?!?

A miséria sempre carimbou os capítulos da história do mundo. As campanhas contra a fome, a falta de habitação, de terra, de saúde, educação, e até de agasalhos estão em toda a parte.
O preconceito ensina a classe média a ver o pobre e os moradores de rua como um conjunto homogêneo de cidadãos diferentes, espécie de casta nascida para não entrar em campo. Enxergá-los como pessoas normais, com as mesmas carências físicas e pretensão emocional de qualquer um, é um grande desafio social.
Segundo José Saramago, escritor português, fomos sentenciados por Deus através de nosso primeiro pai e nossa primeira mãe, “a ganhar o pão da família com para se o suor do nosso rosto tendo como, destino final a terra da qual haviam sido tirados” e pela qual haveríamos de brigar e defender, pois, conforme o mesmo autor afirma: “O cordeiro, veio ao mundo para ser devorado pelo lobo”, e assim é natural que haja senhores e servos, ricos e pobres.
Vivemos em um país de 850 milhões hectares de terra nem sempre bem aproveitadas e por isso acompanhamos movimentos de “reforma” agrária prometidas por tantos governantes e esperada por tantos brasileiros enquanto se mancha de sangue nosso chão varonil ao mesmo tempo em que enche os bolsos dos governantes dessa Pátria amada, Brasil.
Milhares de famílias brasileiras vivem abaixo do nível de pobreza, isto é, das condições mínimas de sobrevivência, quer seja de habitação, saúde, alimentação, acesso a escola e lazer, e, milhares de vezes as políticas prometem fazer algo por elas em grandes comícios e campanhas eleitorais em época de eleição, promessas esquecidas quando assumem o poder e a boa vida que isso lhes proporciona.
E o pobre, o que recebe...Políticas sociais mal estruturadas recebidas pelo povo como benefício por desconhecerem seus direitos de cidadão. Art. 6º Cap. II da Constituição de 1988...” São direitos Sociais a educação, saúde, e o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança”...direito do povo a ter o mínimo para sobrevivência, mas que sobrevive com menos nas favelas, assentamentos, ruas, barracas e viadutos carentes de tudo, desde o básico até o mínimo. E tudo o que se vê são relatos, retratos e comentários dos altos índices de pobreza e miséria nos grandes jornais da imprensa falada ou escrita e tudo é discutido nos grandes salões do congresso, com ar condicionado, pelos homens de terno e gravata enquanto alguns nem camisa têm.
A música “Fantasia” de Chico Buarque ajuda-nos a refletir sobre a miséria humana, com seu jeito manso convida-nos ao canto para esquecer as amarguras da vida, “o ferro do suplício”, dia após dia, noite após noite sem perspectiva de melhora, “trabalhando a terra, preparando a tinta, enfeitando a praça”, para outros aproveitarem. E a saga continua: o mais forte contra o mais fraco, como o lobo e o cordeiro na lição antiga, mas jamais esquecida pala eterna repetição da mesma.
O fotógrafo, Sebastião Salgado, em uma de suas obras, relata a miséria humana de um modo simples, com arte e luz na tentativa de tornar mais bela o semblante de homens, mulheres e crianças sofridos, emagrecidos, queimados pelo sol e pela vida, mãos calejadas, pés emagrecidos e machucados, olhar sem brilho perdido no horizonte de uma estrada longa e árdua de um caminho sem fim. E a esperança... Ah! a esperança...
Canavieiros, carvoeiros, garimpeiros, tropeiros e tantos outros “eiros”, revelando o sol, revidando a noite, enterrando os mortos, enriquecendo a elite que sempre se aproveitou dos mais fracos e menos favorecidos.
E o pobre, o que recebe... Promessas, palavras, bolsa família, vale gás, famílias desamparadas, filhos barrigudinhos, olhares de tristeza de uma fé que não se abala, pois somos todos os filhos de Deus, através do “nosso primeiro pai e nossa primeira mãe” e seguimos a espera de governantes mais humanos, políticas mais concretas, sociedade mais consciente neste país tão grande e cheio de maravilhas que a natureza nos dá de presente que se chama: BRASIL! 



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