Sabe-se que a situação financeira pode ser indagada pela moda, porém ao
andar por um calçadão, shoppings, bares e restaurantes pode-se notar que
a maioria dos sujeitos está usando produtos de destaque nos discursos
sedutores da mídia como: celulares, bolsas, estampas e cores conforme
aquela estação. No entanto, a moda é uma arma da busca por um “eu”
perfeito, mesmo que essa busca seja uma estrada sem fim ou mesmo que o
sujeito alegue não ser vítima dela, ela está presente cotidianamente em
suas vidas.
Andy não quis continuar sendo a assistente de Miranda,
porém ela usa o que aprendeu na Runway para refazer seu processo de
identidade, com maior autoestima. Isso comprova que a personagem fez a
escolha não por um determinado grupo e sim, por ela como indivíduo.
Hoje, pessoas realizam seus casamentos e festas e querem ter destaques
em colunas sociais, o que comprova a necessidade que o sujeito tem de se
glamourizar e estar incluso.
A moda é uma vertente poderosa que
determina o estilo, a identidade, o grupo a quem os indivíduos pertencem
e, até mesmo o sujeito que não é destaque em colunas sociais, gosta de
ler e apreciar os eventos publicados em impressos como os apresentados
no filme em pauta.
Moda não é tão simples e envolve muito mais que a
indústria de luxo, sendo essa a grande mensagem do filme “O Diabo veste
Prada”. Hoje a moda tem se expandido em todo o mundo e mesmo sem poder
aquisitivo todos querem, desejam e sonham com seus produtos, seja para
enfeitar-se, para arrancar elogios ou simplesmente para ir a uma
entrevista de trabalho e estar bem apresentável. Os valores exorbitantes
creditados à marcas e seus respectivos produtos salientam poder.
Contudo,
não há como viver imune a moda, mas entregar-se a ela sem restrições é
um grave sintoma do mal estar da civilização, ou seja, o indivíduo tem a
dura tarefa de ter autoestima e sucesso e ser ele mesmo. Essa foi a
escolha da personagem Andréa. O Diabo veste Prada realmente foi um filme
que nos impressionou, e tirou aquela ideia de mais um filme americano.
Trata-se de um filme realista, que fala sobre os obstáculos encontrados
no mercado de trabalho e o que as pessoas acabam fazendo pra crescer na
vida.
Em certo ponto Miranda afirma à mocinha do filme com toda
certeza, arrogância, luxúria e calma do mundo: “Essa é a vida que todos
querem”. Porém nesse momento, Miranda desperta a libertação de Andy e do
público.
Quanto ao que concluímos especificamente sobre a profissão
de jornalista, versa em torno do olhar que leigos e terçeiros tem sobre a
atividade. Segundo a retratação e aprofundamento que o filme deu,
jornalistas são dúbios, são metamorfos e buscam reaização e
reconhecimento. São profissionais cuja técnica e teoria apreendida não
são questionadas porque pouco são requisitadas. O filme poderia ter dado
uma abrangência e aprofundamento maior da profissão, privilegiando não
só o lado difícil e sofredor da profissão, mas também o lado aclamado e
reconhecido.
Texto extraído do trabalho realizado por Bruna Essig e Alexandre Soares Pinto para a cadeira de Crítica da Mídia da PUCRS.
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