sábado, 5 de outubro de 2013

A importância da pesquisa científica enquanto instrumento de identificação das demandas sociais



A importância da pesquisa científica enquanto instrumento de identificação das demandas sociais e a colaboração da mesma para o conhecimento científico, além do vínculo entre trabalho, pesquisa e ciência  dentro do discurso contemporâneo, é o que discorre no texto Tessitura investigativa: a pesquisa científica no campo humano-social, Latif Antonia Cassab, assistente social, formada na Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana/Pr (FECEA) e Doutora em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC). Destaca a autora em seu texto, que é usual falar em pesquisa mencionando-a como simples coleta de dados, no entanto, a pesquisa científica pode ser entendida como forma de observar, verificar e explanar fatos para os quais o homem necessita ampliar a compreensão que já possui a respeito dos mesmos.
        A premissa do texto é consistente. A autora parte do principio de que a pesquisa é um procedimento, com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico, e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para se descobrir verdades.
        Partindo do pressuposto de que o conhecimento da experiência social do sujeito, a qual deve ser apreendida pelo pesquisador, valendo-se das metodologias compreensivas, para conhecer e produzir conhecimento, a autora diz que a pesquisa qualitativa surge contrapondo-se à forma positivista de conhecer e produzir conhecimento. Segundo a autora, a pesquisa qualitativa tem como preocupação um nível de realidade que não pode ser quantificado, enfatiza-se a vivência, a experiência, a cotidianidade e também a compreensão das estruturas e instituições como resultados da ação humana objetivada.
        Para a autora, as teorias devem ser entendidas como explicações de uma realidade mais ampla do que aquela que se obtém pelo olhar, devem ser capazes de uma generalização de seus pressupostos, mas não significa que tenham que ser gerais e vagas, pois assim se tornariam superficiais e perderiam a capacidade da explicação. Segundo Marx, o pensamento é prático-crítico o tempo todo pois o conhecimento, produto de profunda reflexão, combina, articula o pensado com o real, é na práxis, na realidade que se deve demonstrar a verdade, o poder, o caráter do pensamento sobre o real ( MARX,1993 ).
         Nesse sentido, segundo a autora, o pesquisador deve sempre se manter com o espírito aberto, com atenção vigilante e metódica, com vontade e empenho, ou seja, com uma participação crítica, que lhe possibilite descobrir e construir uma explicação mais próxima possível do real, satisfazendo o nível de exigência requerida para esse empreendimento, cujo referencial é o projeto de pesquisa.
         Um viés com este texto, destaca acerca dos pressupostos da pesquisa  qualitativa, Rita de Cássia Gonçalves e Teresa Kleba Lisboa,assistentes sociais formadas pela Universidade Federal  de Santa Catarina (UFSC) no texto sobre o método da história oral em sua modalidade  trajetórias de vida, destacando que o Serviço Social tem se consolidado como uma profissão de caráter interventivo e investigativo, por isso as metodologias qualitativas trazem uma contribuição significativa tanto ao Serviço Social como para as ciências sociais, pois se revelam particularmente eficazes em áreas exploratórias, especialmente em campos temáticos onde inexistem fontes de informações acessíveis e organizadas.Contudo, segundo Minayo (1996, p. 22): “o conjunto de dados qualitativos e quantitativos não se opõem. Ao contrário, se complementam, pois a realidade abrangida por eles interage dinamicamente, excluindo qualquer dicotomia.
         A maior ênfase das autoras é sobre a fonte oral se constituir como base primaria para obtenção de toda a forma de conhecimento, seja ele científico ou não. Para Queiroz (1987), o relato oral tem sido, através dos séculos, a maior fonte humana de conservação e difusão do saber, ou seja, a maior fonte de dados para a ciência em geral: a palavra antecedeu o desenho e a escrita. O relato de uma pessoa sobre sua própria vida, seus valores, sua cultura, não podem deixar de conter dimensões subjetivas.
        Ricardo de Lara, assistente Social, graduado pela Universidade de Uberaba/MG (UNIUBE), em seu texto, Pesquisa e Serviço Social: da concepção burguesa de ciências sociais à perspectiva ontológica, o autor faz um resgate da metodologia em pesquisa apresentando uma das concepções de mundo, que embasam as pesquisas em Serviço Social, trazendo,em versão preliminar e em traços gerais, os principais apontamentos da concepção dialética marxiana, descrevendo como esse modo de apreender a realidade social desenvolveu-se no percurso histórico da humanidade, desde a Grécia Antiga até nossos dias. Contudo, tanto na intervenção quanto na formação profissional, a pesquisa é um elemento fundamental para o Serviço Social,mas, para realizá-lo há exigência do aprofundamento teórico-metodológico como recurso para a investigação da vida social.
       Destaca ainda o autor que: a pesquisa científica e suas metodologias estão submetidas à concepção burguesa de ciência, que potencializa o desenvolvimento do conhecimento segundo a ótica do capital. As ciências sociais têm dificuldade de se afirmarem diante da ciência moderna, pela sua ineficiência em apresentar respostas práticas. Enfatiza ainda que investigar e, em conseqüência, tornar cientificamente aceito o trabalho, no âmbito acadêmico, é o principio fundamental no caminho da probidade teórica do pesquisador.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Características da Consciência Ingênua x Consciência Crítica

** Características da Consciência Ingênua **

1) Revela uma certa simplicidade, tendente a um simplismo, na interpretação dos problemas, isto é, encara um desafio de maneira simplista ou com simplicidade. Não se aprofunda na causalidade do próprio fato. Suas conclusões são apressadas, superficiais.

2) Há também uma tendência em considerar que o passado foi melhor. Por exemplo: os pais que se queixam da conduta de seus filhos, comparando-a ao que faziam quando jovens.

3) Tende a aceitar formas gregárias ou massificadoras de comportamento. Esta tendência pode levar a uma consciência fanática.

4) Subestima o homem simples.

5) É impermeável à investigação. Satisfaz-se com as experiências. Toda concepção científica para ela é um jogo de palavras. Suas explicações são mágicas.

6) É frágil na discussão dos problemas. O ingênuo parte do princípio de que sabe tudo. Pretende ganhar a discussão com argumentações frágeis. É polêmica, não pretende esclarecer. Sua discussão é feita mais de emocionalidades que de criticidades: não procura a verdade; trata de impô-las e procurar meios históricos para convencer com suas idéias. Curioso ver como os ouvintes se deixam levar pela manha, pelos gestos e pelo palavreado. Trata de brigar mais, para ganhar mais.

7) Tem forte conteúdo passional. Pode cair no fanatismo ou sectarismo.

8) Apresenta fortes compreensões mágicas.

9) Diz que a realidade é estática e não mutável.



** Características da Consciência Crítica **

1) Anseio de profundidade na análise dos problemas. Não se satisfaz com as aparências. Pode-se reconhecer desprovida de meios para análise de problemas.

2) Reconhece que a realidade é mutável.

3) Substitui situações ou explicações mágicas por princípios autênticos de causalidade.

4) Procura verificar ou testar as descobertas. Está sempre disposta à revisões.

5) Ao se deparar com um fato, faz o possível para livrar-se de preconceitos. Não somente na captação, mas também na análise e na resposta.

6) Repele posições quietistas. É intensamente inquieta. Torna-se mais crítica quanto mais reconhece em sua quietude a inquietude, e vice-versa. Sabe que é na medida que é e não pelo que parece. O essencial para parecer algo é ser algo; é a base da autenticidade.

7) Repele toda transferência de responsabilidade e de autoridade e aceita a delegação das mesmas.

8) É indagadora, investiga, força, choca.

9) Ama o diálogo, nutre-se dele.

10) Face ao novo, não repele o velho por ser velho, nem aceita o novo por ser novo, mas aceita-os na medida em que são válidos. 

Fonte: FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. RJ: Paz e Terra, 1979.

domingo, 29 de setembro de 2013

O Homem: Animal Político

O homem é um animal que não vive sozinho, pois todo ser humano, desde que nasce até o momento em que morre, precisa da companhia de outros seres humanos. Foi observando isso que o filósofo grego Aristóteles escreveu que o homem é um animal político, pois é a própria natureza humana que exige a vida em sociedade.
É importante lembrar que não é só para atender as suas necessidades materiais que o ser humano precisa da companhia de seus semelhantes. Na realidade, o homem é o único animal que durante vários anos depois do nascimento não consegue obter sozinho seus alimentos. E no mundo moderno isso está cada vez mais difícil, mesmo para os adultos, uma vez que a sociedade humana se organizou de tal modo que a grande maioria passa a vida toda consumindo alimentos produzidos por outros.
Mas ao lado disso é preciso assinalar que mesmo o homem mais rico, que tenha dinheiro para comprar e armazenar em casa os alimentos suficientes para toda sua a vida, mesmo esse homem não consegue viver sozinho.
E não é só porque necessita dos serviços dos outros seres humanos para a manutenção da sua casa, o preparo dos alimentos e o cuidado de sua saúde, mas porque todo ser humano tem necessidades afetivas, psicológicas e espirituais, que só podem ser atendidas com a ajuda e a participação de outros seres humanos.
Assim, portanto, a vida em sociedade é uma necessidade da natureza humana, não se podendo falar do homem como indivíduo sem lembrar que esse indivíduo não vive sozinho, mas está sempre relacionado com outros indivíduos. Pode-se resumir essa idéia dizendo que o homem é um ser social por natureza e, por isso, tudo que ele tem ou realiza é tido ou realizado em sociedade.
Outro dado importante que deve ser ressaltado é que todos os seres humanos valem exatamente a mesma coisa. Pondo-se lado a lado dois recém-nascidos, sem revelar a condição social de cada um, ninguém poderá dizer que um vale mais que o outro. Por natureza todos nascem iguais e é a sociedade que estabelece diferenças, o que significa que as diferenças de valor entre seres humanos são artificiais, não naturais. Essa igualdade essencial de todos os seres humanos foi reconhecida e proclamada há milênios e deve ser buscada na organização social, dando-se absoluta igualdade de oportunidades a todos, desde o momento do nascimento. É contra a natureza permitir que uns nasçam ricos e socialmente bem situados enquanto outros nascem miseráveis e condenados a uma vida de sacrifícios e privações e inferioridade social.
Esse reconhecimento da igualdade essencial de todos não quer dizer que não existem diferenças individuais. Embora todos tenham o mesmo valor cada um tem sua individualidade, seu modo de ser, suas preferências, suas aptidões, seu julgamento próprio a respeito dos fatos da vida. O que a experiência comprova é que pessoas criadas no mesmo ambiente, recebendo o mesmo tratamento, sendo educadas da mesma forma, ainda assim apresentam diferenças de comportamento e muitas vezes reagem de maneiras diferentes perante o mesmo acontecimento.
Há, portanto, vários pontos fundamentais que devem ser levados em conta quando se tratar da organização da sociedade. Todos os seres humanos necessitam da vida social e todos valem essencialmente a mesma coisa. Mas cada um tem as características próprias de sua individualidade e por isso a vida em sociedade, embora necessária, acarreta sempre a possibilidade de conflitos.
Na verdade, a ocorrência de conflitos deve ser reconhecida como normal numa sociedade de homens livres. Mesmo que sejam asseguradas oportunidades exatamente iguais a todos, desde o ponto de partida, ainda assim os conflitos não desaparecerão, pois eles decorrem das diferenças de individualidades.
Há pessoas que por medo, comodismo ou por qualquer outra razão têm horror ao conflito e imaginam que seja possível uma sociedade livre de conflitos. Não é raro que tais pessoas acreditem que pelo uso da força todos os membros de uma sociedade poderão ser obrigados a aceitar os mesmos valores, a cumprir passivamente as ordens dos superiores e a se comportar de modo igual em todas as circunstâncias. Mas a história da humanidade e os fatos de todos os dias e de todos os lugares demonstram que onde existirem pessoas vivas existirão conflitos.
Em conclusão, o ser humano não é apenas um animal que vive, é também um animal que convive, ou seja, o ser humano sente a necessidade de viver mas ao mesmo tempo também a necessidade de viver junto com outros seres humanos. E como essa convivência cria sempre a possibilidade de conflitos é preciso encontrar uma forma de organização social que torne menos graves os conflitos e que solucione as divergências, de modo que fique assegurado o respeito à individualidade de cada um.
Ao mesmo tempo, é preciso lembrar que todos os seres humanos são essencialmente iguais por natureza. Em consequência, não será justa uma sociedade em que apenas uma parte possa decidir sobre a organização social e tenha respeitada sua individualidade.

Fonte:
DALLARI, Dalmo de Abreu. O que é participação política. 5ª ed. SP: Abril Cultural - Brasiliense, 1984. (p.12-15)

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Consciência Negra

Acho ótima a idéia de existir um dia que represente a lembrança da resistência de um homem que lutou pelo seu direito de liberdade. A morte de Zumbi dos Palmares é, sem dúvida, uma representação ideal da luta dos negros pela igualdade (hoje direito constitucionalmente reconhecido). Até este ponto, concordo plenamente com o dia da consciência negra, mas qual o motivo de usarmos datas especiais para lembrarmo-nos de tratamentos, cotas e preconceitos especiais dos quais não precisamos? 
Todos somos diferentes, mas alguns insistem em tratar os negros como “mais” diferentes dos demais. Parafraseando o célebre George Orwell, uns seriam “mais iguais que os outros”. Se os “brancos” não estivessem tão preocupados em tentar repor de alguma forma o sofrimento que causaram aos nossos ancestrais durante a época da escravidão, ou de eliminar erroneamente essas diferenças, as quais somos obrigados a suportar diariamente, não necessitaríamos de um dia que tratasse de cuidar do engajamento dos negros na sociedade, pois estes sempre fizeram parte dela, contudo outrora numa posição bastante desfavorável. 
Finalmente, não venho aqui criticar o estereótipo que sofremos com associações à pobreza ou à marginalização, ou perguntar o porquê de acreditarem que eu e meus semelhantes em raça necessitamos de um tratamento diferenciado dos demais para ter acesso a uma escola superior, assim como não vou questionar se, utilizando de tal artifício, os “brancos” reconhecem que a escola que oferecida publicamente aos “negros” não nos qualifica suficientemente a fim de nos proporcionar igualdade em concorrência com vossos filhos de escolas privadas. Questionarei, em verdade, se o dia da consciência negra foi determinado pra lembrar que existimos com preconceitos e indiferenças ou para lembrar apenas que existimos e estamos aí, esperando sermos tratados como iguais! E não adianta fingir que não existe tanto preconceito assim contra o negro, pois, se tal não houvesse, existiria um dia da consciência branca para lembrar-lhes que um dia nós fomos humilhados e merecemos o devido respeito!


Texto produzido por Ítalo Rodolfo - Aluno do 3º ano do curso integrado de Eletrotécnica do IFRN/Mossoró 

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Análise crítica: Awake - A vida por um fio.

O que desperta a atenção de quem assiste ao filme, é o grande sofrimento que Clay passa, em todos os âmbitos de sua vida, decepção amorosa e com o amigo, além de ouvir tudo sobre o plano que seu amigo e sua recém-esposa tinham de matá-lo para ficar com o seu dinheiro, mesmo anestesiado, sentiu todas as dores sem poder se mover e fazer nada.
Como Clay poderia lutar pela sua vida? Preso a uma cama, impossibilitado de fazer nada.
O que mais surpreende é o ato corajoso e sensível de uma mãe que faria tudo pelo seu filho, em doar sua vida (seu coração) em prol de salvar a vida de seu ente querido, realmente muito emocionante essa cena.
Até que ponto as pessoas amam de verdade? Ou será que amam somente o dinheiro e é capaz de fazer qualquer erro, e cometer um ato totalmente fora da realidade ética?
O médico, que se passou de amigo de Clay, além de não apresentar ética na sua profissão, por ter passado por vários processos, continuou exercendo a profissão sem punição, não teve ética pessoal, enquanto um cidadão, ser humano, amigo que tem sentimentos, ele simplesmente se mostrou um ser humano frio, que só tem um foco direcionado em ascensão na vida através do dinheiro. Uma pessoa que se dedicou anos de sua vida a estudar o ser humano, no âmbito de uma profissão da saúde, isto é, cuidar da vida de um indivíduo que busca o seu serviço, e ainda assim ser capaz de cometer um ato como esse, mostra o quanto o ser humano pode ser capaz de se distanciar dos valores, virtudes e princípios que conferem ao homem o título de um ser racional, passando a ver o corpo como uma “coisa” qualquer, um boneco feito de carne que pode ser manipulado como bem entender, já que está em suas mãos o poder de manter ou tirar a vida de uma pessoa, se utilizando desse poder para seu benefício próprio, passando por cima de uma série de aspectos que já foram citados anteriormente e principalmente o que diz respeito a ética. A ética não por acaso faz parte da formação dessas pessoas, mas esta não é suficiente para evitar condutas como a do médico do filme, é preciso que a construção dos valores morais e éticos exista desde o início do processo de desenvolvimento humano, para que sejam consolidadas as bases para a formação de um indivíduo que pense o bem e faça o bem para si próprio e para a coletividade.
Da mesma forma, Sam, a companheira de Clay, em nenhum momento pensou no amor incondicional que Clay tinha por ela, preferiu muito mais um instrumento material, sujo e que traz muitas disputas, como o dinheiro, ao invés do amor verdadeiro. 
Assistir esse tipo de filme, nos ajuda a refletir sobre nossas ações e mudar alguns hábitos de     vida e relacionamento com o outro, e aprender a escutar mais as pessoas que nos amam de verdade e ter cuidado em quem confiamos.
E fica a pergunta: até que ponto podemos chegar por dinheiro? Qual o limite entre o ético e o moral?

Obs: análise retirada da internet.